Técnica mista Sustentável -Felicidade Eudaimonia

Técnica mista e sustentável, afinal quase 90% do material foi reaproveitado e a obra realizada de forma compartilhada!

Os alunos criaram suas obras de acordo com a proposta estabelecida:

Vocês estão livres para criar neste suporte (tela velha), o que quiserem…Trabalhando em equipe!

Deixar que as crianças façam suas composições de acordo com suas emoções, sem mostra referencias artísticas,  pode ser um caminho ousado para uns, mais a liberdade total de expressão, ajuda na criatividade e exerce no cérebro “prazeres cognitivos” estimulando os dois hemisférios cerebrais, a neurociência já provou isso. A felicidade está no ato de compartilhar, dividir, ajudar o próximo, vivenciar o bem-estar com outras pessoas, transcender o individualismo.

A BUSCA DE PRAZER DE FORMA HEDÔNICA ALTERA O PADRÃO DE EXPRESSÃO GENÉTICA DE MANEIRA SEMELHANTE AO ESTRESSE, ENQUANTO A FELICIDADE LIGADA AO SENTIDO, OU EUDAIMONIA, TURBINA O SISTEMA IMUNE

A nova ciência da Psicologia Positiva tem ampliado seus estudos em diferentes domínios, incluindo pesquisas em Neurociências. Uma das questões fundamentais para a Psicologia Positiva é o avanço na compreensão científica da felicidade. O conceito de bem-estar subjetivo, atualmente, se desdobra em duas importantes vertentes. Os psicólogos positivos distinguem entre dois tipos essenciais de bem-estar subjetivo, a felicidade eudaimônica e a hedônica. Enquanto a felicidade hedônica se refere primariamente à somatória das experiências afetivas positivas vivenciadas por um indivíduo, a felicidade eudaimônica, um conceito originalmente formulado por Aristóteles, envolve um senso de propósito e direcionamento da vida para alcançar um potencial. A eudaimonia é um tipo de felicidade mais profunda, que resulta do esforço feito em direção a algo maior que tenha sentido para a pessoa, algo com nobreza na proposta e que ultrapasse a simples autogratificação.

Para saber mais:
Fredrickson, B. L. et al. A functional genomic perspective on human well-being, PNAS – Proceedings of the National Academy of Sciences, v. 110, n. 33, p. 13684-13689, July 29, 2013.

Confira:

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Objetivo:

Criar sem limitação, trabalhar a criatividade.

Fundamental I e II

Materiais  sustentáveis diversos, tinta guache e tinta acrílica, suporte- tela usada, spray, amor e compartilhamento.

 

Escola cria campanha de financiamento para tornar-se sustentável

O coletivo Organicidade e a Morada da Floresta foram procurados pelo Centro de Educação Infantil – CEI Jamir Dagir, localizada na zona oeste de São Paulo, em busca de apoio técnico para se tornar uma instituição exemplar em práticas sustentáveis.

Foi aí que surgiu a oportunidade de implementar uma proposta pedagógica que inclua a questão ambiental e que contribua para mudar atitudes e hábitos rumo a uma cultura de maior sustentabilidade. Isto quer dizer: possibilitar que as crianças de zero a três anos se desenvolvam plenamente por meio do contato livre e direto com a natureza, criar espaços educadores sustentáveis, implementar boas práticas como a compostagem de 100% dos resíduos orgânicos da escola e disseminar estas iniciativas à toda comunidade escolar por meio de parcerias.

Parquinho do CEI Jamir Dagir.

Para fazer com o projeto se torne realidade, o coletivo criou uma campanha de financiamento coletivo na plataforma Catarse.  A meta é arrecadar R$ 14.300.

  • Clique aqui para apoiar.

Com o dinheiro arrecadado, serão oferecidas oficinas de educação ambiental e criado um sistema de reciclagem dos resíduos orgânicos com professores e crianças para ensinar a importância do contato com a natureza. Entenda aqui as etapas e como o trabalho será realizado.

“Iniciar este projeto ignifica reconhecer e honrar a escola como polo irradiador de uma cultura de sustentabilidade. Honrar a criança que, por viver no mar de concreto que é São Paulo, acaba se distanciando de sua essência; criança é natureza”, afirmou o coletivo.

FONTE: https://catraquinha.catracalivre.com.br/geral/aprender/indicacao/escola-cria-campanha-de-financiamento-para-tornar-se-sustentavel/

22 de Abril – Dia Internacional da TERRA

PLANETA TERRA, GAIA, PACHAMAMA É A NOSSA CASA, CUIDE DELA!

 

Como surgiu o Dia Internacional da Terra


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O Dia da Terra foi criado pelo senador americano Gaylord Nelson.
Em 22 de abrl de 1970, o político convocou o que foi considerado o primeiro protesto contra a poluição. De acordo com dados divulgados na época, mais de 20 milhões de pessoas participaram do ato em todos os EUA.
Foi adotado internacionalmente em 1990, e então é festejado a cada 22 de abril.
O Dia da Terra refere-se à tomada de consciência dos recursos naturais da Terra e seu manejo, à educação ambiental e à participação como cidadãos ambientalmente conscientes e responsáveis.
O objetivo principal é conscientizar aos habitantes do planeta Terra a importância e a necessidade da conservação dos recursos naturais do mundo.
Hoje, o Dia da Terra é celebrado em mais de 190 países, com a participação de cerca de 1 bilhão de pessoas.

O NOSSO PLANETA TERRA


A Terra tem em torno de 4,5 bilhões de anos e existem várias teorias para o “nascimento” do planeta.
A Terra é o terceiro planeta do Sistema Solar, tendo a Lua como seu único satélite natural.
A Terra tem 510,3 milhões de km2 de área total, sendo que aproximadamente 97% é composto por água (1,59 bilhões de km3). A quantidade de água salgada é 30 vezes a de água doce, e 50% da água doce do planeta está situada no subsolo.

A atmosfera terrestre vai até cerca de 1.000 km de altura, sendo composta basicamente de nitrogênio, oxigênio, argônio e outros gases.

Há 400 milhões de anos a Pangéia reunia todas as terras num único continente. Com o movimento lento das placas tectônicas (blocos em que a crosta terrestre está dividida), 225 milhões de anos atrás a Pangéia partiu-se no sentido leste-oeste, formando a Laurásia ao norte e Godwana ao sul e somente há 60 milhões de anos a Terra assumiu a conformação e posição atual dos continentes.

O relevo da Terra é influenciado pela ação de vários agentes (vulcanismo), abalos sísmicos, ventos, chuvas, marés, ação do homem) que são responsáveis pela sua formação, desgaste e modelagem. O ponto mais alto da Terra é o Everest no Nepal/ China com aproximadamente 8.848 metros acima do nível do mar. A Terra já passou por pelo menos 3 grandes períodos glaciais e outros pequenos.

A reconstituição da vida na Terra foi conseguida através de fósseis, os mais antigos que conhecemos datam de 3,5 bilhões de anos e constituem em diversos tipos de pequenas células, relativamente simples. As primeiras etapas da evolução da vida ocorreram em uma atmosfera anaeróbia (sem oxigênio).

As teorias da origem da vida na Terra, são muitas, mas algumas evidências não podem ser esquecidas. As moléculas primitivas, encontradas na atmosfera, compõe aproximadamente 98% da matéria encontrada nos organismos de hoje. O gás oxigênio só foi formado depois que os organismos fotossintetizantes começaram suas atividades. As moléculas primitivas se agregam para formar moléculas mais complexas.

A evidência disso é que as mitocôndrias celulares possuam DNA próprio. Cada estrutura era capaz de se satisfazer suas necessidades energéticas, utilizando compostos disponíveis. Com este aumento de complexidade, elas adquiriram capacidade de crescer, de se reproduzir e de passar suas características para as gerações subseqüentes.

A população humana atual da Terra é de aproximadamente 6 bilhões de pessoas e a expectativa de vida é em média de 65 anos.

Para mantermos o equlíbrio do planeta é preciso consciência dessa importância, a começar pelas crianças. Não se pode acabar com os recursos naturais, essenciais para a vida humana, pois não haverá como repô-los. O pensamento deve ser global, mas a ação local, como é tratado na Agenda 21.

 

Problemática



A temperatura média da Terra gira em torno de 15º C. Isso ocorre porque existem naturalmente gases, como o dióxido de carbono, o metano e o vapor d´água em nossa atmosfera que formam uma camada que aprisiona parte do calor do Sol. Se não fossem esses gases, a Terra seria um ambiente gelado, com temperatura média de -17º C. Esse fenômeno é chamado de efeito estufa. Não fosse por ele, a vida na Terra não teria tamanha diversidade.

Só que desde a revolução industrial, começamos a usar intensivamente o carbono estocado durante milhões de anos em forma de carvão mineral, petróleo e gás natural, para gerar energia, para as indústrias e para os veículos.

Somente no último século, a temperatura da Terra aumentou em 0,7º C. Parece pouco, mas esse aquecimento já está alterando o clima em todo o planeta.

O homem é o principal responsável por este problema. E é ele que precisa encontrar soluções urgentes para vitar grandes catástrofes.

FONTE: http://cmqv.org/website/artigo.asp?cod=1461&idi=1&moe=212&id=15800

 

Semana da água – Som para relaxar

Depois da aula sobrou aqueles 10 ou 15 minutos… Que tal fazer uma aula de relaxamento, contar uma história levando seus alunos a vivenciar uma experiencia de ir até uma cachoeira, ou uma ilha … Divida o tempo em dois momentos ou use um som para cada dia!

Crianças têm uma grande imaginação, vivenciam experiências únicas…. basta uma simples iniciativa!

Era uma vez… no… 15 crianças (numero de alunos), viajaram para (uma mata, ilha e etc…) e se deparam com uma linda…. enorme… com muitos (animais ex: aves, peixes,) um arco-íris se formou no céu, o sol e a lua estavam lá….use a sua imaginação! Escute a voz do seu coração…

Isoporgravura

 A isoporgravura é uma arte baseada na xilogravura

xilogravura

substantivo feminino
  1. 1.
    arte e técnica de fazer gravuras em relevo sobre madeira.
  2. 2.
    estampa obtida através dessa técnica.
    A técnica mais antiga de gravura é a xilogravura, que foi inventada como um método de impressão sobre tecido na China, no Egito e no Império Bizantino. A técnica alcançou a Europa através dos Impérios Bizantino e Islâmico antes de 1300. O papel chegou à Europa um pouco depois, também vindo da China através da Espanha Islâmica e já era fabricado na Itália.

A técnica de isoporgravura é muito utilizado por arte-educadores, pois ensinar a xilogravura para crianças requer muito cuidado, e dependendo da idade, é quase impossível, pois necessita força e muita atenção ao manusear as goivas!

Proposta


Usando a ponta do lápis para fazer um desenho em uma bandejinha de isopor, afundando o lápis para que ficasse um desenho em baixo relevo, depois passamos com um rolinho um pouco de tinta e pressionamos a bandejinha sobre a folha. Aperte todos os cantos da folha sobre o isopor.

 

ARTISTA PARA REFERENCIAR A AULA


 

O ponto, a linha e as formas livres no disquete – Composição Tridimensional

O ponto, a linha e as formas podem ser trabalhados em sala de aula através da beleza da natureza. Ao invés de passar as obras de grandes metres da pintura ( Monet, Kandinsky, Klee, Miró e outros) podemos apresentar imagens praticamente impossíveis de ver-se, de viver-se…  Afinal existem lugares mágicos e inacessíveis no planeta. Sorte daquele que fez essas imagens (vídeos abaixo).

Partindo desse horizonte natural e emocionante… busquei vídeos (timelapse) que possam compartilhar imagens incríveis, momentos únicos que transbordam linhas, pontos e formas.

A natureza é a chave mais preciosa para estimular nossa criatividade e emoções.  A mais pura forma de liberdade das linhas e dos pontos. Ela é completa, simples assim… O homem pode pintá-la, mas não pode ser a natureza, você entende? Ela é perfeita.

ATIVIDADE

O ponto, a linha e as formas livres 

EDUCAÇÃO INFANTIL – FUND. I E FUND II


Para começar :

Explicativa

Faça uma pequena apresentação sobre o tema, explique (explicação adequada) de acordo com a faixa etária da turma.

Ilustrativa

Desenhe sempre para ilustrar melhor sua explicação, assim você ajuda eles (alunos) a memorizarem melhor, pois quando damos diferentes opções, possibilitamos um melhor aprendizado.

Por que?  Já sabemos que cada indivíduo aprende de uma maneira,”forma” diferente!

Deixem (os alunos) dividirem suas experiências com a turma, pois eles adoram falar…. professor aprenda a escutar.

Passe o vídeo educativo (segue algumas dicas abaixo)

Uma roda de conversa (os envolvidos na atividade) onde o assunto seja  as imagens, amarrando assim as ideias!

Passe o vídeo

Prática

Crie uma composição artística, faça algo de sua preferência.

Nós realizamos essa:

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Vídeos Educativos

Cidadania Planetária: Perspectivas na Educação

Como formar um cidadão planetário?  Isso implica em uma democracia planetária ? Afinal, como podemos educar para a cidadania planetária?

Ao ler o presente artigo, encontrei respostas ao meu pensar um quanto imaturo sobre tal assunto. Conhecimento esse meu, de pouco  mais de 2 anos.  A licenciatura em Pedagogia não fala sobre uma visão ecopedagógica, não há espaço, nem disciplina sobre esse tema.  Formamos professores que desconhecem a Ecopedagogia e Cidadania planetária nas faculdades e universidades até hoje.  Será porque esse paradigma é irrelevante à atual sociedade?

Um artigo para a vida, para uma promoção de aprendizagem….

Clarissa de Figueirêdo Barbosa
Mestre em Educação – UFPE

RESUMO

Este artigo introduz a discussão sobre os limites e as possibilidades do exercício da cidadania no contexto da globalização. É apresentado um breve panorama de conferências que foram significativas para a internacionalização dos conflitos e, por sua vez, para a construção da cidadania planetária. O artigo tem como objetivo destacar o desdobramento da discussão sobre essa cidadania na área da educação, bem como os documentos e textos acadêmicos elaborados têm sido influenciados pela urgência do debate sobre o meio ambiente, os direitos humanos, o alerta atômico, enfim, pela necessidade de discutir temas que envolvem a humanidade e seu destino comum.

Palavras-chave: Globalização; Cidadania Planetária; Educação para cidadania planetária.

Não podemos mais conceber a cidadania, hoje, restrita à nacionalidade, aos liames de um território,  pois a luta pelos direitos humanos e pelo meio ambiente confere à cidadania um caráter transnacional. A participação política, destarte, não se limita mais à questão da nacionalidade. Um dos fatores  que contribuiu para a transformação da cidadania é o enfraquecimento do Estado Nacional, todavia, poderíamos considerar que

    • Cabe lembrar que os problemas que afetam a humanidade e o planeta atravessam fronteiras e tornam-se globais com o processo de globalização que se acelera neste final de século XX. Questões como produção, comércio, capital financeiro, migrações, pobreza, danos ambientais, desemprego, informatização, telecomunicações, enfim, as grandes questões econômicas, sociais, ecológicas e políticas deixaram de ser apenas nacionais, tornaram-se transnacionais. É nesse contexto que nasce hoje o conceito de cidadão do mundo, de cidadania planetária, que vem sendo construída pela sociedade civil de todos os países, em contraposição ao poder político do Estado e ao poder econômico do mercado (VIEIRA, 1999, p. 32).

Vieira (2001) defende que a globalização desafia os princípios do consenso e da legitimidade, do poder político, da base político-territorial do processo político, da responsabilidade das decisões políticas, a forma e o alcance da participação política e até o próprio papel do Estado como garantia dos direitos e deveres dos cidadãos, como também desafia os princípios de Vestfália. A globalização é, para o autor, responsável pelo declínio na qualidade e significação da cidadania devido à mudança do papel do Estado.

Este Estado Nacional, enfim, passa a ser desalojado do alicerce político.  A esse respeito, Dalmo Dallari comenta que

    • De fato, a experiência tem demonstrado a relatividade do conceito de soberania no plano internacional, havendo quem afirme que se deve reconhecer que só tem soberania os Estados que dispõe de suficiente força para impor uma vontade. Além disso, a regulação jurídica, no seu todo, é apenas aparente, pois os Estados mais fortes dispõem de meios para modificar o direito quando isso convém (DALLARI, 1982, p. 323).

A globalização econômica vai demandar do Estado Nacional mudanças que fomentarão políticas que eliminem as fronteiras nacionais em prol do desenvolvimento do capital e, conseqüentemente, darão elementos para uma outra forma de cidadania, mais ampla, sem fronteiras, planetária.

Vieira afirma que

    • Estamos diante de uma nova revolução, fundada na microeletrônica, na informática e nas telecomunicações, que desterritorializa o indivíduo, configurando um novo modo de vida. Em seu rastro já se percebe a tendência ao declínio do Estado-Nação, bem como a globalização da pobreza e do desemprego, que torna descartável a maior parte da humanidade (1999, p. 71- 72).

Além do esfacelamento da cidadania, há também as guerras, o possível fim da humanidade por causa da era atômica, as questões que envolvem a destruição e desequilíbrio do meio ambiente também serviram de fatores que impulsionaram e justificaram a cogitação de uma cidadania planetária, de uma cidadania cuja ação estava implicada em realizar-se não só a nível local, mas que fosse além das fronteiras.  Pois, como diz Gadotti:

    • Pela primeira vez na história da humanidade – não por efeito de armas nucleares, mas pelo descontrole da produção industrial (o veneno radioativo plutônio 239 tem um tempo de degradação de 24 mil anos) -, podemos destruir toda a vida do planeta. É a possibilidade que podemos chamar era do exterminismo (…) ´A possibilidade da autodestruição nunca mais desaparecerá da história da humanidade. Daqui para frente todas as gerações serão confrontadas com a tarefa de resolver este problema (SCHMIED-KOWARZIC, 1999, p. 6). Só esperamos que as providências sejam tomadas a tempo para não chegarmos tarde demais (2000, p. 31).

A questão ambiental foi chamando a atenção, ao longo do tempo, de cidadãos de todo o mundo.  As discussões sobre a destruição do meio ambiente, a possibilidade do fim de recursos não renováveis do planeta e a estimativa de catástrofes mundiais em décadas não longínquas levaram as Nações Unidas a promover uma Conferência para o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, em 1972. Já aí, assinalava-se a necessidade da humanidade discutir seu futuro. Segundo Gadotti (2000), foi a primeira vez que a preocupação com o meio ambiente entrava na agenda internacional como um problema decorrente do crescimento econômico.

Outra conferência sobre o meio ambiente se sucedeu em 1987, da qual resultou o Relatório de Brundtland, Nosso Futuro Comum. No entanto, após 1992, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio ambiente e Desenvolvimento – a Eco 92 -, o debate sobre os desafios para o planeta ganham maior ressonância e se proliferam. Além das questões sobre meio ambiente foram discutidos, nesse evento, outros temas tais como arsenal nuclear, desarmamento, guerra, poluição, fome, drogas, discriminação, racismo. Dessa forma, a agenda planetária não se restringe a enfocar apenas o meio ambiente.

Paralelo à Conferência Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, aconteceu o Fórum Global 92 cujo documento resultante, a Carta da Terra, contempla, entre outros, o pensar global e local, a comunidade mundial, e a criação de uma cidadania planetária (GADOTTI, 2000).

O reconhecimento de ações prejudiciais do homem ao meio ambiente foi um dos predicados para o amadurecimento do conceito de desenvolvimento sustentável adotado na Eco 92, bem como os princípios de “responsabilidade econômico-financeira do contaminador” e o de “precaução”. A deterioração ecológica do planeta e outros problemas globais, “impõem a necessidade de maiores níveis de cooperação internacional, desenvolvimento e investimento mundial” (VIEIRA, 1999, p. 104), já que, como diz Arendt

    • A Terra é a própria quintessência da condição humana e, ao que sabemos, sua natureza pode ser singular no universo, a única capaz de oferecer aos seres humanos um habitat no qual eles podem mover-se e respirar sem esforço nem artifício”(2004, p. 10).

O Fórum Social Mundial, realizado inicialmente aqui no Brasil, em 2001, também vêm discutindo “um outro mundo possível”, uma globalização solidária como alternativa aos problemas da exclusão, desigualdade social e meio ambiente. O evento articula entidades e movimentos da sociedade civil de todo o mundo, que atuam do nível local ao internacional. O fórum ainda estimula uma participação nas instâncias internacionais e o exercício de uma cidadania planetária.

Estes debates se desdobraram em diferentes áreas do conhecimento, inclusive, na educação. Em 1994, é adotada no I Congresso Mundial da Trandisciplinaridade, em Portugal, a Carta da Trandisciplinaridade que aponta a necessidade de uma compreensão planetária para enfrentar os desafios contemporâneos.

    • O reconhecimento da Terra como pátria é um dos imperativos da transdisciplinaridade. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade, mas, a título de habitante da Terra, é ao mesmo tempo um ser transnacional. O reconhecimento pelo direito internacional de um pertencer duplo – a uma nação e à Terra – constitui uma das metas da pesquisa transdisciplinar (apud GADOTTI, 2000, p. 51).

Aqui, no Brasil, são elaborados os Parâmetros Curriculares Nacionais, em 1998, entre eles o PCN dos Temas Transversais que, ainda de forma local, aborda conteúdos que estão inseridos nas discussões mundiais. Destacam-se: Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural, Trabalho e Consumo. O Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (2006) também é outro documento que traz estes assuntos, incluindo as questões da diversidade sexual, de gênero e religiosa. O Plano explicita que a concepção de Direitos Humanos adotada incorpora a compreensão de cidadania democrática, cidadania ativa e cidadania planetária.

Tem crescido, nos últimos anos, o número de publicações de livros sobre os desafios da educação diante da perspectiva do mundo atual. Muitas vezes, estes livros possuem temas distintos, tendo em comum advertências e propostas para o enfrentamento dos desafios impostos, hoje, a toda humanidade. Ecologia, globalização, educação para a paz, solidariedade, multiculturalismo, interdisciplinaridade são assuntos que têm se tornado cada vez presentes no debate educacional em resposta a problemas como violência, guerras, alerta atômico, intolerância, preconceito, desequilíbrio ecológico do planeta, desigualdade social, exploração humana.

Podemos perceber que a atenção de muitos educadores e pesquisadores da educação, de diversas linhas, está para além da discussão dos conteúdos. Muitos ressaltam o contexto que estamos vivendo e que, por sua vez, a educação não está imune às influências do mesmo. Surgem, então, indagações sobre o papel da educação no enfrentamento dos problemas do mundo atual. Qual o papel do professor? E o da escola? O que os professores têm ensinado além de seus conteúdos?

Sacristán comenta que “uma nova sociedade conectada em rede está emergindo como conseqüência de fenômenos econômicos, políticos e culturais globalizadores que incidem sobre a educação e exigem dela uma resposta” (2002, p.30).  O autor adverte que “Um projeto para educação significa refletir, discutir e decidir sobre seus conteúdos e suas maneiras de inserir os sujeitos na cultura” (2002, p. 24).

Eventos como a Eco 92 têm dado alerta à sociedade sobre o futuro comum da humanidade e chamado para pensar globalmente e agir localmente. A educação também tem sido vislumbrada nestes espaços. Sequeiros (2000) é um autor que debate a ação solidária sem fronteiras na área da educação. Ele diz que

    • Nestes últimos anos, houve um grande crescimento de ações internacionais voltadas para a solidariedade. A chamada Cúpula da Terra ou Rio 92 e as reuniões do Cairo, Copenhage e Pequim (entre outras) mostram claramente o avanço do que se chamou pensar globalmente e agir localmente: ter projetos de intervenção social a partir de contextos concretos, mas dentro de uma visão global dos problemas do mundo, já que tudo está relacionado com tudo (o que se costuma chamar de paradigma da interação) (SEQUEIROS, 2000, p. 20).

Contudo, Gadotti adverte sobre a Agenda 21, documento elaborado na Eco 92 (Conferência Mundial para o Meio Ambiente) das Nações Unidas e diz que, na prática, a forma como vem sendo trabalhada a agenda 21 “desvaloriza fundamentalmente toda a educação e a educação ambiental em particular. Por isso, entende-se perfeitamente por que a Agenda 21 vem ignorando os princípios da Carta da Terra” (GADOTTI, 2000, p. 111).

A Carta da Terra é resultado do Fórum Global, evento que aconteceu, paralelamente, à Conferência das Nações Unidas, a Eco-92. Gadotti argumenta que

    • É necessário que a Carta seja, acima de tudo, vivenciada no cotidiano das pessoas. Para que isso aconteça de fato, é fundamental o processo coletivo de educação, sistemático e organizado, que nos assegure que o maior número possível de cidadãos do planeta não apenas tenha tomado consciência de que um futuro saudável da Terra depende da criação de uma cidadania planetária (2000, p. 117).

Gadotti ainda fala numa “profunda reeducação dos nossos hábitos, principalmente dos nossos hábitos de consumo” (2000, p. 108). Enfim, estes eventos, como dissemos, contribuíram para reforçar a necessidade das discussões mundiais urgentes no âmbito da educação. Após 1992, ano da Eco e do Fórum global, as discussões vêm crescendo. Constatamos que, no final da década passada, houve um aumento das publicações sobre tais questões na educação e, no começo deste século, vimos ainda mais crescente.

Entre as propostas educacionais que pensam os conflitos globais encontramos a proposta de uma educação para cidadania planetária. Educar para cidadania planetária significa discutir questões como meio ambiente, desigualdade social, alerta atômico, contudo, buscando uma compreensão global dos conflitos, vendo os fatos como interdependentes, percebendo o conflito do seu país relacionado a outros conflitos, de outros países sejam eles próximos ou longínquos. Uma vez construído esse olhar, segue a proposta de agir, de tomar atitude. Estamos falando do pensar global e agir local.

Gadotti, ainda em relação à educação para a cidadania planetária, explica que

    • Educar para a cidadania planetária implica muito mais do que uma filosofia educacional, do que o enunciado de seus princípios. A educação planetária implica em uma revisão de nossos currículos, uma reorientação de nossa visão de mundo da educação como espaço de inserção do indivíduo não numa comunidade local, mas numa comunidade que é local e global ao mesmo tempo (2000, p. 142).

A proposta de pensar global e agir local, portanto, está presente na concepção de cidadania planetária, bem como é mencionada na proposta da ecopedagogia, da educação para a solidariedade, da educação em direitos humanos. Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia (1998) já manifestam uma preocupação em pensar e agir local e globalmente.

Podemos somar a reflexão que Sequeiros (2000) faz sobre uma perspectiva a que ele chama de internacional, à proposta da educação para cidadania planetária. Vejamos o que ele diz:

    • Trata-se de criar, progressivamente, uma nova consciência internacional nas crianças, nos jovens e nos adultos, que leve a uma transformação dos valores habituais e das práticas sociais para que adotem uma posição e intervenham efetivamente em favor dos pobres carentes deste mundo, para se conseguir, assim, uma sociedade mais igualitária e mais justa.

    • Trata-se de ajudar de alguma maneira, a construir alguns valores, desenvolver atitudes e potencializar ações que possibilitem o avanço das redes de uma cultura da solidariedade, a qual transforme os hábitos de pensar e de agir centrados no próprio interesse (…) em uma maneira de pensar  e de agir centrada no interesse global do mundo e, em especial, dos mais carentes (SEQUEIROS, 2000, p. 20).

A educação para a cidadania planetária, como já foi exposto, tem o propósito de ser uma educação que discuta as questões que envolvem toda a humanidade, contextualiazadas em nível global e que discuta possibilidades de ações sem fronteiras.

Gutierrez; Prado (2002) direcionam sua atenção para as questões ambientais,  da ecopedagogia, da cidadania planetária,  para os diferentes problemas globais sem, portanto, restringirem-se apenas aos do meio ambiente.

Deve-se considerar importante para a educação para a cidadania planetária conhecer propostas desta natureza, que relacionem educação, cidadania e meio ambiente, pois muito se tem a trocar e discutir, uma vez que partilham das mesmas preocupações da educação para a cidadania planetária em relação ao mundo e partirem da visão dos fatos como conectados.

Benfica argumenta que devemos admitir que as pedagogias tradicionais, ainda hegemônicas, “fundadas no princípio da competitividade, da seleção e da classificação, não dão conta da formação para uma cidadania planetária, que exige pessoas mais ativas, cooperativas e criativas” (2001, p. 22).  Este autor acredita ser a era da informação também a era da educação permanente, plural e conectiva.

Boaventura, autor que muito contribui para o nosso tema, usa o termo “educação planetária” e define bem seu conceito, compreendendo-a

    • como aquela que favorece nas pessoas a compreensão das múltiplas dimensões do mundo atual e futuro, que se associa com a comunicação, tecnologia e transações econômicas, suscitando uma educação para a paz , direitos humanos, meio ambiente, desenvolvimento sustentável e compreensão internacional (2001, p. 26).

O autor citado recorre a Legendre (apud BOAVENTURA, 2001) para explicar a gênese dessa educação.

    • Legendre informa ainda que o movimento da educação global é contemporâneo da educação ambiental (…) A educação ambiental liga-se à perspectiva global, da qual privilegia um aspecto particular, a saber, a relação com o ambiente biofísico (BOAVENTURA, 2001, p. 28).

A educação, para Boaventura, deve possibilitar a compreensão dos desafios do mundo atual e futuro, de seus problemas. Boaventura também acredita que podemos educar “cidadãos responsáveis e empenhados na criação de um futuro desejável para si, para a comunidade e para todos os habitantes do planeta” (2001, p. 30).

É importante refletir que a educação para a cidadania planetária é uma proposta vulnerável às seduções do salvacionismo. Faz-se mister, portanto, que esteja claro que este trabalho é despojado de intenção de salvar o mundo, assim como quem o escreve não crê que deva ser atribuído à cidadania planetária o papel de detentora de respostas, de verdades. Assim, é afastado desde já este perigoso caráter messiânico, ou como queira, salvacionista. A educação já é um tema cuja grande parte das discussões traz suficientemente este caráter, tanto do que parte de acadêmicos, quanto do que parte de um ponto de vista do senso comum.

O pensar uma cidadania planetária também pode resultar em projetos prontos para humanidade revestidos desse messianismo, e isto sabemos que é desastroso, como o foi projetos aparentemente bem intencionados como a proposta de cidadania da Revolução Francesa. Somar a educação a um projeto planetário nos impele a  fazer a seguinte ressalva: a cidadania planetária deve estar aberta a ser continuamente construída, discutida, e que seus debatedores, por sua vez, aceitem a pluralidade de idéias, como sugere Arendt (1997). Da mesma forma, a educação para cidadania planetária não é vista, neste trabalho, como tema que deve ser outorgado em currículos, projetos político-pedagógicos e programas. A educação para cidadania planetária é um desafio lançado, uma “desculpa” para pensarmos novos rumos de um futuro comum.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARENDT, H. Entre o passado e presente. São Paulo: Perspectiva, 1997.

_____. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.

BOAVENTURA, E. Educação planetária em face da globalização. Revista da FAEBBA. Educação e contemporaneidade, Salvador, n. 16, ano 10, p. 27-35, jul./ dez. 2001.

BRASIL. COMITÊ NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS. Plano de Educação em Nacional em Direitos Humanos. Brasília:Secretaria especial dos Direitos Humanos, Ministério da Educação e Ministério da Justiça, UNESCO, 2006.

BRASIL. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: geografia. Brasília: Mec/SEF, 1998.

_____ ._____. Parâmetros Curriculares Nacionais terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: temas transversais. Brasilia: MEC/SEF, 1998.

DALLARI, D. A. Elementos de teoria geral do Estado. São Paulo: Saraiva, 1982.

GADOTTI, M. Pedagogia da terra. São Paulo: Peirópolis, 2000.

GUTIERREZ , F; PRADO, C. Ecopedagogia e cidadania planetária. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2002.

SACRISTÁN, J. G. Educar e conviver na cultura global: as exigências da cidadania. Porto Alegre: Artmed, 2002.

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VIEIRA, L. Cidadania e globalização. Rio de Janeiro: Record, 1999.

____ . Os argonautas da cidadania: a sociedade civil na globalização. Rio de Janeiro: Record, 2001.

Pelo fim da sala de aula

Com tecnologia, as escolas podem romper o modelo de ensino tradicional. É preciso só coragem para começar

A palavra Escola tem origem no grego scholé, que significa, curiosamente, lugar do ócio. Fundadas por filósofos na Grécia, as escolas eram espaços para ocupar o tempo livre e refletir, geralmente enfatizando uma área específica do conhecimento. Os alunos estudavam informalmente, sem que fossem separados por séries e em salas de aula, e as disciplinas eram ensinadas por um modelo pedagógico de questionamentos.

Foi somente no século 12 que surgiram as escolas como conhecemos hoje, com crianças enfileiradas e professores como os únicos detentores do conhecimento. Centenas de anos depois, no século 19, as aulas passaram a ser divididas em disciplinas básicas, como ciências, matemática, história e geografia. E nunca mais isso mudou.

Até hoje o aluno exerce um papel coadjuvante no processo de aprendizado. Sufocado em aulas entediantes e soterrado por conteúdos, a única indagação que faz é “por que tenho de aprender isso?” Para passar de ano e ser avaliado no funil estreito do vestibular. E mais nada. Mas, quando chegar a hora de entrar no mercado de trabalho, de que irá adiantar ter decorado a musiquinha da tabela periódica?

Com a digitalização e a organização do conhecimento em bancos de dados, as escolas da geração C, da geração conectada, que não conhece um mundo sem internet, tablets e smartphones, começam a romper com os modelos tradicionais de ensino para colocar os alunos como protagonistas da construção de seu futuro. É chegada a hora de virar a mesa (ou a carteira) e começar a aprender o que realmente interessa.

Essa transformação vem sendo liderada por empresas como a Knewton, que criou um sistema de aplicação do conceito de big data na educação, um ensino adaptativo, personalizado para cada aluno e capaz de envolver, engajar e entender quais são as dificuldades e os próximos conteúdos a ser estudados para uma evolução de acordo com as necessidades e as particularidades de cada aluno.

Atuando como mentores, os professores passam a inspirar e a orientar. Acompanham os alunos na leitura de textos, nos vídeos que assistem, nas tarefas em que têm mais dificuldades. Podem testar qual metodologia de ensino alcança maior engajamento e analisar os melhores resultados de acordo com as habilidades de cada estudante.

Com a adoção da tecnologia de cruzamento de dados estruturados em conteúdos multimídia, os alunos não mais assistem às mesmas aulas, ministradas por um professor postado em um pedestal. Com o big data, no lugar de provas, os alunos são avaliados por suas competências, e não mais como another brick in the wall (referência à música protesto do grupo Pink Floyd), e pela evolução nos exercícios e conteúdos acessados no software educacional.

Milhares de alunos concluem a faculdade e tentam ingressar no mercado de trabalho todos os anos, mas alegam ser muito difícil encontrar o primeiro emprego. As empresas, por sua vez, dizem que não conseguem preencher as vagas porque não há profissionais preparados para os desafios de uma economia cada vez mais global e competitiva.

As escolas que têm a coragem de quebrar as fronteiras das salas de aula e que respeitam a individualidade de seus alunos podem preencher esse gap. As que resistem continuam formando só mais um tijolo na parede.

*Luciana Maria Allan é diretora do Instituto Crescer para a Cidadania. Doutora em educação pela Universidade de São Paulo (USP), tem especialização em tecnologias aplicadas à educação

Link: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/educacao/pelo-fim-da-sala-de-aula-815377.shtml

Fatores Ambientais contribuem muito além da genética

Lendo essa matéria pude perceber que grande parte da responsabilidade das habilidades cognitivas e intelectuais do aluno são devido aos fatores ambientais e alimentares,  sendo assim, o DNA não é o único fator relevante, como muitos pensam.

“O fator ambiental induz uma mudança em mais de 50% naquilo que se acreditava estar relacionado de forma íntima á genética.”

Zan Mustacchi

Muitas vezes, o aluno sem limites pode ser erradamente diagnosticado como um estudante hiperativo. Para o médico geneticista e pediatra Zan Mustacchi, diretor clínico do Centro de Estudos e Pesquisas Clínicas de São Paulo (Cepec-SP) e presidente do Departamento Científico de Genética da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), hoje, na grande maioria dos casos, há um erro de diagnóstico em relação a isso. E para piorar esse cenário, muitos educadores têm dificuldades em lidar com a situação. “Lamentavelmente, o professor deixou de ter autoridade, porque na hora em que começa a impor limite educacional ele é visto como o indivíduo que ultrapassa seus direitos”, explica Mustacchi, que também é responsável pelo Ambulatório de Genética do Hospital Infantil Darcy Vargas (HIDV), em São Paulo (SP). É sobre este e outros assuntos relacionados à genética que trata a entrevista a seguir.

 Qual a relação entre o DNA de uma pessoa e sua capacidade de adquirir conhecimento?

Zan Mustacchi: O que se sabe hoje é que existe uma expressão somatória entre a estrutura genética de uma determinada pessoa e fatores ambientais. Isso significa que o ambiente mais a genética se modelam, somam-se e determinam potenciais intelectuais. A última informação e a mais aceita hoje é a condição que nós chamamos de fatores epigenéticos, que são, de fato, a soma de ambiente mais a genética e determinam potenciais individuais, como da inteligência. O termo “epigenético” caracteriza uma somatória de fator genético e ambiental, então exclui a responsabilidade isolada da genética como determinante única das habilidades intelectuais, por exemplo. Antigamente, acreditava-se que a inteligência era nata, ou seja, era geneticamente definida, mas hoje se sabe que isso não é verdade; é a genética mais o ambiente.

 Fatores ambientais podem interferir no componente genético das pessoas?

Mustacchi: Eu não diria que “podem” interferir, eu diria que “interferem” com certeza. É bem diferente. O dado mais clássico é que fatores ambientais interferem mais que 50% na determinação de relações que haviam sido vinculadas com determinações genéticas. Sabe-se atualmente que as determinações não são mais exclusivamente genéticas, porque o fator ambiental induz uma mudança em mais de 50% naquilo que se acreditava estar relacionado de forma íntima à genética.

 Mas se isolarmos apenas a genética, qual o seu “peso” em relação à inteligência, por exemplo?

Mustacchi: A responsabilidade da genética [nesse caso] é menor que 50%, assim como quando eu falo de estatura, de obesidade e de habilidades de forma geral. Sabe-se que a genética tem uma responsabilidade menor que 50%. No caso da habilidade cognitiva, portanto, a responsabilidade é menor que 50%.

 Então, isso significa que a escola tem uma enorme responsabilidade para que o aluno aprenda?

Mustacchi: Com certeza, qualquer pessoa que seja bem estimulada de uma forma correta será favorecida; traduzindo, é exclusiva a responsabilidade do professor em fazer com que esse aluno se habilite.

O estímulo aos sentidos poderia promover uma alteração neurológica a ponto de aumentar a capacidade cognitiva do educando?

Mustacchi: Com certeza, desde que a infraestrutura que sustenta isso esteja adequada, e isso eu traduzo como aspectos nutricional e salutar. Então, se o indivíduo tiver uma boa saúde, envolvendo a condição nutricional adequada, o estímulo dos sentidos tenderá a favorecer a melhor capacitação cognitiva de qualquer aluno.

Mas às vezes a educação peca nesse aspecto? Os docentes poderiam ficar mais atentos ao estímulo dos sentidos durante o ensino-aprendizagem?

Mustacchi: Sim. O professor de inglês, por exemplo, no primeiro dia de aula, ensina “I am, You are, She is”. No fim da aula, ele faz uma prova: verbo “to be” (“eu sou, tu és, ele é”). Qual é o grande problema nisso aí? Esse garoto que está nessa escola – ainda em capacitação, em formação de habilidade linguística do português, da língua pátria, que ele não domina e que ainda está aprendendo a falar corretamente – tem um professor despreparado, que cobra a ele uma gramática de uma língua que ele nem sequer sabe falar. Seria a mesma coisa que você, quando for ensinar o seu filho a falar, dizer: “filho, eu sou, tu és, ele é”. Sabe quando ele vai aprender? Com grande dificuldade, vai demorar muito. Isto é o professor que não quer o aluno aprenda.

Então, como o professor deve proceder?

Mustacchi: Para que a gente possa aprender uma determinada língua é o mesmo modelo para que você aprenda uma língua: falando, cantando e brincando com aquele linguajar. Durante os primeiros três ou quatro anos de escolaridade, o aprendizado de uma segunda língua poderia se restringir a palavras usando modelos que agradam a criança – ela aprenderia, por exemplo, a cantar parabéns em inglês, a cantar músicas que estão tocando no rádio e a traduzir essas palavras.

Não importa o nível de ensino e a disciplina, é sempre importante utilizar atividades lúdicas que estimulem os sentidos?

Mustacchi: É preciso respeitar a habilidade e o limite individual de cada um. Eu vou traduzir: certamente você sabe muito bem como você melhor aprende, se é lendo, escrevendo, desenhando ou ouvindo. Como professor, eu tenho que descobrir como os meus alunos melhor aprendem – um desenhando, outro cantando, outro ouvindo, outro rabiscando e outro lendo. Cada um de nós tem um potencial diferenciado. Então, eu tenho que me preparar como pedagogo, como professor, a primeiramente saber que meu aluno, o indivíduo que eu vou preparar para a vida, tem várias formas de capacitação. E a chave fundamental é habilitar a criatividade do professor, induzir a sua caracterização como indivíduo criativo para poder facilitar a capacitação do seu aluno. Para o aluno cego, por exemplo, eu tenho que ser criativo. Como ensinar marrom para o cego? Fazendo associação com a terra – assim, em qualquer momento que ele tocar a terra ele vai dizer “marrom”. Eu não estou dizendo que é uma coisa fácil, mas é um momento de criatividade, em que o educador precisa criar oportunidades para melhor favorecer o indivíduo com alguma deficiência.

 E no caso do estudante com alguma deficiência intelectual, como síndrome de Down?

Mustacchi: Eu tenho aluno com síndrome de Down que aprende melhor com música, tenho aluno com síndrome de Down que aprende melhor com cores, com desenhos, e aluno que aprende muito melhor ouvindo ou fazendo. Então, progressivamente, eu vou escolher qual é a “porta de entrada dele”. Cada pessoa tem um modelo de capacitação, por isso é preciso respeitar o limite do modelo de capacitação de cada um.

 Em relação à aprendizagem, até onde o docente pode ir com esse aluno com síndrome de Down?

Mustacchi: Quem determina isso é o aluno, não o professor. Depende da habilidade do docente, infelizmente, porque o limite não existe. Na hora que você põe a palavra “até onde” você está impondo limite, e se você impuser limite é a mesma coisa que eu lhe disser “eu não vou te deixar aprender tal coisa porque você não aprende”. Se eu digo que você não aprende significa que eu não vou lhe dar nem sequer a oportunidade de aprender. Então você restringe. Até onde esse indivíduo vai? Até onde você deixá-lo ir, até onde você der oportunidade para ele chegar.

 As universidades precisam melhor preparar os futuros docentes para isso?

Mustacchi: O professor tem que ser habilitado no sentido de informação, de quebrar paradigmas de restrições didáticas. O que significa isso? Geralmente, o educador tem modelos didáticos predefinidos por ocasião da sua formação e capacitação, e esse modelo didático é restrito, não permite uma oportunidade de amplitude de modelos. Então o professor acha que a lousa é o material de trabalho dele; ele pega o giz, a lousa e começa a rabiscar. Está errado. O material de trabalho dele é o aluno, não é a lousa, e ele tem que saber utilizar todos os sentidos e até aqueles que a gente não conhece.

 O que é a Nutrigenômica?

Mustacchi: Ela representa um passo que deve mudar muito a condição nutricional da nossa população; é que tipo de alimento é próprio para você para determinada situação ser favorecida. Existem pessoas que têm uma alteração genética e não podem, por exemplo, comer fava – se comerem, elas têm uma baita anemia e uma icterícia, como se fosse uma hepatite grave. Esse indivíduo tem um comprometimento genético que faz com que aquele alimento gere um comprometimento clínico severo. Então, como é que nós vamos diferenciar quem responde a determinadas situações nutricionais e medicamentosas? Isso é Nutrigenômica, é o fator genético que envolve o fator ambiental para ter resultado.

 O senhor afirma que a Nutrigenômica evidenciará a importância da individualização e do respeito aos limites, propondo programas com ênfase na capacitação dos modelos educacionais. Fale sobre isso.

Mustacchi: Isso significa o seguinte: no momento em que eu tiver um domínio individualizado – saber que aquele indivíduo, em vez de comer arroz tem que comer mais batata, ou em vez de tomar vitamina C, tem que tomar vitamina B, ou em vez de a ele ser ensinado um “be-a-bá” na lousa, ele tem que escutar música – eu terei um resultado final muito mais satisfatório, mas eu preciso ter o domínio de como criar isso antes. Isso é um futuro muito próximo.

Profissão Mestre: Mas como a escola pode fazer isso? É preciso capacitar a equipe docente?

Mustacchi: Isso não é apenas papel do professor; é o educador mais a ciência. Nós não podemos trabalhar de uma forma isolada, não somos pedaços de pensamentos, temos que nos unir. A importância do docente é justamente que ele passa horas com esse indivíduo, em que ele percebe [o estudante] muito melhor que o médico, que passa poucos minutos com essa criança. Então, o educador tem que perceber, tem que ficar capacitado, tem que notar qual é a atitude desse aluno perante determinados outros educandos, perante determinadas atitudes e refeições.

 A nutrição tem um papel importante para o desempenho escolar do aluno?

Mustacchi: A importância nutricional é basal, é o primeiro plano. Primeiro é nutrição, depois é educação e saúde. Mas eu também não posso jamais separar o indivíduo, pois ele é uma estrutura como um todo, que depende da sua relação de lazer, da sua relação amorosa que tem em casa, do índice de quantas pessoas têm na família dele, se é primeiro, segundo ou terceiro filho, o que ele come, se toma café da manhã (e o que ele come no café), como é que ele toma banho, quem conversa com ele, se alguém lê alguma coisa para ele, qual é o programa de TV que assiste, quando vai para o computador e o que ele joga. O fator ambiental é fundamental.

 Existe o mito de que se comer muito açúcar e corantes a criança pode ficar hiperativa. Isso é verdade?

Mustacchi: Isso aí é uma mídia que quer modelar atitudes sociais. Essa mídia está vinculada com indústrias que acabam modelando atitudes nutricionais e medicamentosas. Existe também um modismo que confunde falta de limite com hiperatividade.

 Então não há uma comprovação científica sobre isso?

Mustacchi: Ainda não há de forma científica, clara e verdadeira [essa comprovação], mas o excesso de açúcar e corantes leva a algumas alterações, ou seja, sem dúvida há grupos que têm esse tipo de reações. Tudo o que você põe na boca pode ser veneno, pode te matar. Até água mata. Como? Afogado, dependendo da dose. Se eu fizer você tomar 40 copos de água, eu te mato afogada. Então, a diferença que existe entre uma dose razoável, satisfatória, e um veneno é a dose. O excesso de açúcar pode gerar uma série de problemas neurológicos, metabólicos e farmacológicos no próprio corpo, que dá desvios de atividade de insulina, atividade pancreática; então, você tem uma série de repercussões por isso.

 Muitos alunos são diagnosticados com Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)?

Mustacchi: Perdoe-me, mas muito médico ainda não sabe fazer esse diagnóstico. É mais fácil dizer “esse garoto tem déficit de atenção e hiperatividade” do que dizer “não foi lhe imposto limite, a família não soube segurar isso”. Para suprir a sua falta de presença durante o dia, a família libera muita coisa à noite, então esse indivíduo acaba tendo distúrbio de comportamento. Com certeza, o diagnóstico de hiperatividade pediátrica hoje tem, na grande maioria dos casos, um erro de diagnóstico.

 E a escola precisa lidar com essa criança sem limites.

Mustacchi: Sim, por isso lhe digo que, lamentavelmente, o professor deixou de ter autoridade, porque na hora em que começa a impor limite educacional ele é visto como o indivíduo que ultrapassa seus direitos. Eu entendo que o professor ainda tem um grande papel de educador e para isso deveria ter uma liberdade de atuar. Ele pode fazer esse papel mesmo com as restrições que existem, mas prefere lavar as mãos e não se preocupar em como resolver esse problema. Ele pensa: “Já que eu não posso me preocupar com isso, então eu deixo esse indivíduo [caracterizado] com uma hiperatividade, um perturbador de ambiente, e não vou investir em tentar saber o que está fazendo com que essa criança tenha esse distúrbio de atitudes sociais. Então, eu lavo as minhas mãos e encaminho esse aluno para um psicólogo”. Ninguém procura ajudar essa criança, a preocupação é em como fazer com que ela fique quieta e não em como ajudá-la.

Entrevista publicada na edição de maio de 2012 da revista Gestão Educacional

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