Artista do mês de dezembro – Weiwei

Ai Weiwei expõe sua obra na OCA Parque do Ibirapuera até o dia 20 de janeiro de 2019. Trata-se do renomado artista internacional, referência em arte contemporânea, arquitetura e cinema. Nascido na China, ele leva suas obras para o questionamento sobre a sociedade atual, as fronteiras e, como não poderia deixar de ser, ultrapassa os limites de sua cultura.


 

O espaço da Oca Parque do Ibirapuera está atualmente preenchido pela exposição de um dos artistas mais conceituados do planeta. Ai Weiwei faz arte com materiais simples e ideias complexas, questiona os valores da vida contemporânea e deixa para os olhos uma espécie de poesia visual que, enquanto a uns encanta, a outros incomoda.

Nascido em Pequim, no ano de 1957, Ai Weiwei já chegou ao mundo cercado pelo universo artístico. Isso porque seu pai, Ai Qing, também artista e poeta, já fazia sucesso na China e no mundo, mas também representava polêmica.

Sendo assim, com apenas um ano de idade, Ai Weiwei conheceu o que era se desprender das raízes, ao seguir seu pai, exilado em campo de trabalho – centro de detenção onde os internos são forçados a realizar trabalho como punição.

Apenas aos 17 anos, ele volta para a capital chinesa, onde começaria os estudos de animação na Beijing Film Academy. Porém, suas raízes já estavam soltas.

Ai Weiwei em Nova York

 

AI WEIWEI RAIZ, Credits: Carol Quintanilha

Pouco depois de seu retorno a Pequim, Ai Weiwei decide ganhar o mundo e vai para Nova York aprofundar-se em arte e design. Ele passa a dedicar seu tempo a desenhar retratos de rua e, ao mesmo tempo, consegue alguns bicos que o mantém.

Nessa época em que vagava pelas ruas da Big AppleAi Weiwei descobre também o prazer da fotografia. Tudo que parecia interessante era registrado em imagens que posteriormente virariam um álbum. Essas fotos resultaram numa coleção que hoje é conhecida como o álbum New York photographs.

De volta para a China

No ano de 1993, Ai Weiwei decide voltar para a China. Lá ele colabora com uma série de artistas experimentais e participa da publicação de três livros voltados para o universo da arte.

Ai começa a parecer mais polêmico quando funda o estúdio de arquitetura Fake Design, e é cocurador da exposição de arte Fuck Off, junto com Feng Boyi. Ainda assim, até aí, não sofre grandes repressões.

Um artista que questiona

Em 2005, Ai Weiwei é convidado a criar um blog na maior plataforma da internet da China e por quatro anos passa a publicar reflexões artísticas, visões sobre arquitetura e algo que incomoda um pouco mais o governo chinês: críticas sociais e a política vigente. Isso faz com que seu blog seja colocado fora do ar, mas o torna extremamente popular, incentivo para continuar a se manifestar, dessa vez por outras redes, como o Twitter.

Ao mesmo tempo que questiona, ele assessora artisticamente projetos de grande porte, como o projeto arquitetônico do estádio nacional Ninho de Pássaro, construído para os jogos olímpicos de Pequim. Uma de suas obras mais famosas.

Em 2008 ocorre o terremoto de Sichuan. Ai Weiwei critica a falta de transparência do governo chinês com relação aos nomes e números de mortos divulgados. Ele cria uma equipe para pesquisar e registrar as condições pós-terremoto. E compila mais de 5 mil nomes e informações das vítimas no projeto “Investigação dos cidadãos”. Mais um blog que seria bloqueado pelas autoridades chinesas.

Em 2010, Ai Weiwei é preso pela primeira vez, em prisão domiciliar. Para ele, a prisão serviria para impedi-lo de realizar a confraternização planejada para denunciar a demolição de seu estúdio em Shanghai, que, recém-construído, era questionado pelas autoridades por não ter a permissão necessária. Acusação esta que ele contesta.

No ano de 2011, um pouco antes de pegar um voo para Hong Kong, o artista é interceptado sob a alegação de que seus procedimentos de partida estavam incompletos.

Na ocasião, seu estúdio em Pequim é revistado por mais de 40 policiais, inúmeros itens são confiscados e seus funcionários interrogados. Dessa vez, o artista passa três meses preso em local secreto e suas punições são bem mais severas.

Tudo isso, ao invés de pará-lo, deu ao artista ainda mais argumentos para as questões que ele coloca em sua arte.

Conversamos com Marcello Dantas, curador da exposição de Ai Weiwei na Oca Ibirapuera. Para ele, Ai Weiwei não é necessariamente um artista crítico: “Acho que ele levanta bandeiras fundamentais, mas se você não estiver interessado nisso vai encontrar um escultor superinteligente que desafia a construção arquitetônica, o sistema de blocos e o pensamento articulador”.

Um artista sem fronteiras

Somente em 2015, Ai Weiwei tem devolvido seu passaporte e pode voltar a viajar para o exterior. Ele não perde tempo.

Em 2017, lança o aclamado documentário Human Flow (Fluxo Humano), filmado em 23 países, sobre refugiados, seus dramas e esperanças.

“Ele entende o mundo de forma universal e não nacional. Aceita as questões da humanidade e não apenas os problemas regionais”, reforça Dantas.

Ai Weiwei no Brasil

São Paulo tem a oportunidade de conhecer esse artista e sua obra até dia 20 de janeiro na Oca Ibirapuera.

Para Marcello Dantas, curador da exposição Raiz, é a ocasião de encontrar um artista singular: “É um dos poucos artistas na história que pode ser considerado relevante nos campos Artes Plásticas, Cinema e Arquitetura”.

Para além de ser uma pessoa única, Ai Weiwei conserva traços que o fazem próximo de todos, inclusive do nosso povo. “Ai Weiwei também tem muito humor e irreverência assim como o brasileiro, nisso há forte identificação”, entrega Dantas.

Mais de 70 mil pessoas já estiveram na atual exposição. Ai Weiwei ficou por três semanas no Brasil e participou de inúmeros encontros com o público. “Ele é um bicho selvagem, mas pode ser de imensa doçura”, descreve Dantas, que completa: “Ele funciona muito bem na esfera pública, mas tem uma fala mansa e para dentro. Isso surpreende as pessoas que esperavam um performer”.

Segundo o curador, a descoberta do jeito de pensar de Ai Weiwei ganha a simpatia do público. “Ver as pessoas simples falarem que a ‘exposição do China ali no parque é que é a boa’ me encanta”, relata.

No espaço, estão expostas algumas de suas grandes obras como SunFlower Seeds e Straight, duas obras seminais. Na exposição, as raízes também provocam grande impacto pela dimensão, ideia e posicionamento. “A Oca é um espaço brilhante por permitir uma revisita à obra por vários ângulos”, explica Dantas.

Quanto ao nome da exposição, Raiz, a explicação pode ser tanto simples quanto complexa. “É uma exposição sobre Raízes, literalmente e metaforicamente”, esclarece Dantas, porém, ele conta uma curiosidade interessante: “Também se chama Raiz por que o sobrenome de Weiwei é Ai e isso são as vogais de raiz”.

Dantas aprofunda sobre as metáforas que podem ser recolhidas dessas obras: “As raízes se comunicam de alguma forma por debaixo da terra e nossa principal missão, hoje, é desenterrar raízes para nos lembrarmos de quem somos e de onde viemos, assim podemos repensar o futuro”.

Entretanto, falar de raízes implica também abordar a cultura, as experiências transculturais e as fronteiras. “Como usar a arte para permitir que as pessoas vejam o mundo além dos seus times de futebol, partidos políticos e hinos patrióticos. Precisamos pensar de outra forma”, convida Dantas.

A exposição Raiz, de Ai Weiwei, fica em cartaz na Oca Parque do Ibirapuera até dia 20 de janeiro de 2019. Seus horários são de terça a sábado das 11h às 20h. Aos domingos e feriados, fecha 1 hora mais cedo, às 19h.

Então, compartilhe nas suas redes sociais a história desse artista!

fonte:https://archtrends.com/blog/ai-weiwei/

 

ARTISTA DO MÊS DE ABRIL –Nele Azevedo

Nele Azevedo

SITE OFICIAL:  NELE AZEVADO

“Melting Men”, projeto mais famoso da artista visual Nele Azevedo, expõem centenas de bonequinhos de gelo, com o objetivo de abordar um dos assuntos mais urgentes que ameaçam a nossa existência neste planeta: os efeitos das mudanças climáticas.

Em 2009, Azevedo se uniu com o World Wildlife Fund e colocou 1.000 figuras de gelo na Praça Gendarmenmarkt, em Berlim. A instalação foi programada para corresponder com o lançamento do relatório do WWF sobre o aquecimento do Ártico.

 

A PARTIR DOS TRABALHOS DE NELE AZEVEDO PODEMOS IR ALUM COM A CRIATIVIDADE…

Este slideshow necessita de JavaScript.

 

ARTISTA DO MÊS DE MARÇO – BORDALO II

TEXTO SITE OFICIAL *

Eu nasci em Lisboa, 1987. Eu pertenço a uma geração extremamente consumista, materialista e gananciosa. Com a produção das coisas em seu nível mais alto, a produção de “resíduos” e objetos não utilizados também é mais alta. “Waste” é citado por causa de sua definição abstrata: “o lixo de um homem é o tesouro de outro homem”. Eu crio, recrio, reúno e desenvolvo idéias com material em fim de vida e procuro relacioná-lo à sustentabilidade, consciência ecológica e social.

download.jpg

 

SITE OFICIAL DO ARTISTA E INSTAGRAM:

BORDALO II

https://www.instagram.com/b0rdalo_ii/

tmb4tmb1

Frans Krajcberg – Artista do mês de janeiro

Artistas sustentáveis e planetários


Todo mês teremos um artista, acompanhem.

Franz_KrajcbergBIOGRAFIA 

Frans Krajcberg (Kozienice, Polônia, 1921 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017). Escultor, pintor, gravador e fotógrafo. Autor de obras que têm como principal característica a exploração de elementos da natureza, destaca-se por seu ativismo ecológico, que associa arte e defesa do meio ambiente.

Nascido na Polônia, Krajcberg forma-se em engenharia e artes pela Universidade de Leningrado. Mais tarde, ao mudar-se para a Alemanha, ingressa na Academia de Belas Artes de Stuttgart, onde se torna aluno do pintor alemão Willi Baumeister (1889-1955).

Sua carreira artística se inicia no Brasil, para onde migra em 1948, procurando reconstruir sua vida depois de perder toda a família em um campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Reside um curto período no Paraná (isolando-se na floresta para pintar) e, em 1951,  participa da 1ª Bienal Internacional de São Paulo, com duas pinturas. Muda-se para o Rio de Janeiro em 1956, onde divide ateliê com o escultor Franz Weissmann. Naturaliza-se brasileiro no ano seguinte. Suas pinturas desse período tendem à abstração, predominando tons ocre e cinza. Trabalha motivos da floresta paranaense, com emaranhados de linhas vigorosas.

O artista retorna a Paris em 1958, onde permanece até 1964. Alterna sua estada em Paris com viagens a Ibiza, na Espanha, onde produz trabalhos em papel japonês modelado sobre pedras e pintados a óleo ou guache. Essas “impressões” são realizadas com base no contato direto com a natureza e aproximam-se, em suas formas, de paisagens vulcânicas ou lunares. Também em Ibiza, a partir de 1959, produz as primeiras “terras craqueladas”, relevos quase sempre monocromáticos, com pigmentos extraídos de terras e minerais locais. Como nota o crítico Frederico Morais, a natureza torna-se a matéria-prima essencial do artista.

De volta ao Brasil, em 1964, instala um ateliê em Cata Branca, Minas Gerais. A partir desse momento ocorre em sua obra a explosão no uso da cor e do próprio espaço. Começa a criar as “sombras recortadas”, nas quais associa cipós e raízes a madeiras recortadas. Nos primeiros trabalhos, opõe a geometria dos recortes à sinuosidade das formas naturais. Destaca-se a importância conferida às projeções de sombras em suas obras.

Em 1972, passa a residir em Nova Viçosa, no litoral sul da Bahia. Amplia o trabalho com escultura, iniciado em Minas Gerais. Intervém em troncos e raízes, entendendo-os como desenhos no espaço. Essas esculturas fixam-se firmemente no solo ou buscam libertar-se, direcionando-se para o alto. A partir de 1978, atua como ecologista, luta que assume caráter de denúncia em seus trabalhos: “Com minha obra, exprimo a consciência revoltada do planeta”.1 Krajcberg viaja constantemente para a Amazônia e Mato Grosso, e registra por meio da fotografia os desmatamentos e queimadas em imagens dramáticas. Dessas viagens, retorna com troncos e raízes calcinados, que utiliza em suas esculturas.

Na década de 1980, inicia nova série de “gravuras”, que consiste na modelagem em gesso de folhas de embaúba e outras árvores centenárias, impressas em papel japonês. Também nesse período realiza a série Africana, utilizando raízes, cipós e caules de palmeiras associados a pigmentos minerais. Krajcberg sempre fotografa as suas esculturas, muitas vezes tendo o mar como fundo. O Instituto Frans Krajcberg, em Curitiba, é inaugurado em 2003, recebendo a doação de mais de uma centena de obras do artista.

Krajcberg, ao longo de sua carreira, mantém-se fiel a uma concepção de arte relacionada diretamente à pesquisa e utilização de elementos da natureza. A paisagem brasileira, em especial a floresta amazônica, e a defesa do meio ambiente marcam toda a sua obra.

Obras

Da década 1950 à 2000

Arquivo Google de Busca 

Mídias

Acervo Itau Cultural

 Visita à Krajcberg – Encontros, 1997
Direção Roberto Moreira Itaú Cultural

 

Frans Krajcberg – Enciclopédia Itaú Cultural
É na natureza que Frans Krajcberg encontra abrigo após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), assim como inspiração para suas esculturas, pinturas, gravuras e fotografias. O polonês chega ao Brasil em 1947, para “fugir do homem”. Nessa fuga, ele se embrenha por florestas e descobre um mundo que não conhecia. Em vez de criar para atender as demandas do mercado da arte, Krajcberg decide que mostraria sua revolta contra a destruição do planeta. Com essa intenção, ele utiliza troncos de árvores, folhas e cipós como matéria-prima ou fonte de inspiração para criações que passam necessariamente pelo fogo antes que seus restos sejam levados à casa do artista, em Nova Viçosa, no Sul da Bahia. “Ali, eu as transformo. Para elas falarem, gritarem socorro. Para deixar a Amazônia sobreviver”, diz ele. “Até o final da minha vida, vou continuar como sou. Viver fora da cidade, na minha mata. Ouvir a música dos meus passos.”

Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Carolina Fomin (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)

 

Notas / fonte:
http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10730/frans-krajcberg
1 Citado em FRANS Krajcberg revolta. Rio de Janeiro: GB Arte, 2000. p. 165.